A recém-exonerada diretora executiva do Serv Saúde de Rondonópolis, Geane Lina Teles, deixou como um dos seus últimos atos administrativos no Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Municipais a execução de um pagamento a si mesmo no valor de R$ 95.233,97, sendo o montante depositado em sua conta bancária da quantia líquida de R$ 84.768,86, neste mês de novembro (veja aqui).

Geane saiu do cargo, nesta semana, após a publicação de acórdão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que conceceu ao prefeito, Cláudio Ferreira (PL), o direito de livre nomeação da chefia do Serv Saúde. Sobre a quantia derradeira onde ela autorizou a relevante transferência dos cofres do Instituto para sua conta bancária pessoal, tudo se explica majoritariamente pelo benefício acumulado de licença premium, já que ela é professora concursada da rede municipal.

Entretanto, Teles ocupou seus dias desde o início de 2017 no cargo de presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais – Sispmur e, mais recentemente, nos últimos 10 meses e 25 dias, atuando no comando do Serv Saúde. Exatamente por ter menos de um ano de Serv Saúde, o vultuoso pagamento tem causado polêmica nos bastidores do funcionalismo, já que para gozar do benefício de licença premium o funcionário público precisa cumprir cinco anos de serviços prestados.

Logo, seria muito mais coerente, da parte de Geane, na avaliação de muitos, que a requisição da ex-diretora fosse feita para ser paga pelo robusto caixa da Prefeitura de Rondonópolis e não pesar o orçamento do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores, que a própria Geane sabe que rotineiramente fecha os meses com déficit, ou seja, com mais contas a pagar do que arrecadação.

Para os mesmos servidores ouvidos pelo MINUTO MT, Geane não quis ter que passar pelos mesmos trâmites que todos os trabalhadores precisam vencer, o que inclui a requisição do benefício e, naturalmente, o crivo do Executivo Municipal, que para o bem dos cofres públicos se inclina por conceder o tempo de descanso, que é na verdade o objeto fim da licença premium, e não a pecúnia. Entretanto, na função de ordenadora de despesa do Serv Saúde, tudo se resumiria apenas a uma canetada de sua própria parte.

MAIS PIMENTA NO MOLHO…

Em meio a uma conturbada saída do Serv Saúde, Geane publicou um vídeo no qual salienta estar vivendo um período sensível de ordem pessoal e informou que se afastaria para intensificar o tratamento de uma doença que convive já há bastante tempo. Todavia, seu atestado, após passar por análise de uma junta clínica, recebeu um laudo médico não concedendo o tempo requisitado pela servidora.

Embora o documento tenha teor estritamente técnico, envolvendo médicos da rede municipal e também do Instituto Municipal de Previdência Social dos Servidores de Rondonópolis (IMPRO), a sindicalista aproveitou a cena montada e aumentou o tom contra o prefeito, Cláudio Ferreira (PL), a quem tem acusado de persegui-la.

NARRATIVA PRONTA…

Em um áudio que o MINUTO MT teve acesso, Geane pede a representantes da Federação dos Servidores Públicos Municipais – FESSPMEMT, entidade de representação sindical de segundo grau, que a entidade soltasse uma nota de repúdio contra o prefeito, abordando todo o contexto de sua saída do Serv Saúde como um exemplo de “violência política contra a mulher”, trazendo sua questão pessoal para a esfera política. Assim foi feito.

Ouça abaixo:

Acontece que a bandeira que Geane tenta atrelar a si, embora esteja ganhando muita força no Brasil dentro do debate público, requisita de alguns elementos que denotem a questão de gênero como ponto central do caso concreto, como assédio sexual, constrangimento, humilhação, bem como agressões físicas e psicológicas, ou outros atos visivelmente misóginos, o que não é possível, pelo menos até agora, visualizar no enredo em questão que envolve Teles.

NO JUDICIÁRIO TUDO ‘OK’

Em paralelo, mesmo com a agenda lotada já há quase uma década por causa das tarefas sindicais, Geane ocupa função efetiva como Auxiliar Judiciária no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, onde recebe a quantia líquida próxima de R$ 10.500,00 a cada 30 dias. O MINUTO MT buscou no sistema e com fontes da Comarca de Rondonópolis e não consta nenhum pedido de afastamento de Geane no órgão para fins de tratamento de saúde.