MORDOMIA EM PRESÍDIOS
Mauro Mendes anuncia que vai à Justiça contra mercadinhos
Governador reagiu após AL derrubar veto que proibia comércios nas unidades penais e diz que não aceitará “regalias como Nutella” para detentos
POLÍTICA

Após a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) derrubar, nesta quarta-feira (9), o veto que proibia o funcionamento de mercadinhos dentro dos presídios do estado, o governador Mauro Mendes (União Brasil) anunciou que irá judicializar a questão. A medida reacende o embate entre o Executivo e o Legislativo sobre a gestão e os limites de regalias no sistema penitenciário.
Por meio de nota oficial, o governador reafirmou sua posição contrária à presença de comércios internos nas unidades prisionais, alegando que a prática cria benefícios indevidos para os detentos. “Não concordo com mercadinhos em presídios vendendo produtos como Nutella, chocolates, sorvetes, açaí e outros itens supérfluos”, declarou Mendes.
A controvérsia gira em torno do artigo 19 da Lei nº 12.792, sancionada em janeiro deste ano pelo próprio governador. A legislação estabelece regras mais rígidas para o sistema prisional, mas o trecho que autorizava o funcionamento dos mercadinhos foi vetado pelo Executivo. A decisão previa o fechamento desses estabelecimentos no prazo de 60 dias — medida que já vinha sendo colocada em prática.
No entanto, com a derrubada do veto por 13 votos a 10, os deputados estaduais restabeleceram a permissão para os comércios internos, o que agora será contestado pelo governo na Justiça.
Durante a sessão, o deputado Lúdio Cabral (PT) defendeu a manutenção do texto original aprovado pela Assembleia e lembrou que o projeto foi amplamente debatido, inclusive com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). O desembargador Orlando Perri manifestou-se a favor da permanência dos mercadinhos, argumentando que eles atendem a demandas básicas dos detentos que não são supridas pelo Estado.
Já o veto de Mendes foi baseado em parecer da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejus), que apontou incompatibilidade com a Lei de Execução Penal e citou riscos à segurança, à transparência na gestão de recursos e ao fortalecimento de estruturas ligadas ao crime organizado dentro das unidades penais.
“Foi reiterada a necessidade de extinguir práticas comerciais nas unidades penais. Essa decisão tem como objetivo evitar a perpetuação do poder paralelo, garantir a transparência na gestão dos recursos prisionais e fortalecer o foco na ressocialização dos detentos”, justificou o governo do Estado.
Agora, com o impasse instaurado, a judicialização do tema poderá definir os rumos definitivos sobre a presença de comércios em presídios de Mato Grosso.

POLÍTICA
Deputados querem secretários fora do governo já em dezembro
Movimentação de pré-candidatos no secretariado estadual gera incômodo na Assembleia Legislativa pelo uso da máquina pública

A movimentação de secretários estaduais rumo às eleições de 2026 já provoca desconforto entre deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Nos bastidores, cresce a articulação para que os auxiliares diretos do governador Mauro Mendes (União) que desejam disputar cargos eletivos deixem seus cargos ainda em dezembro deste ano — três meses antes do prazo legal de desincompatibilização, em março de 2026.
O deputado estadual Júlio Campos (União) foi o primeiro a defender publicamente a proposta, que já circula entre parlamentares como forma de “nivelar o jogo” e evitar o uso da estrutura governamental em benefício de futuras candidaturas.
“Eles vão ter que deixar o cargo até abril. Então também, se a Assembleia quiser, pode acertar com o governador para eles se afastarem no dia 31 de dezembro, agora, para evitar um jogo desigual. Como já foi feito no passado, em alguns governos, secretário que fosse disputar a eleição se afastava no último dia do ano anterior”, sugeriu.
Os nomes mais citados como potenciais candidatos são os secretários de Saúde, Gilberto Figueiredo; de Educação, Alan Porto; e o presidente da MT Par, Wener Santos. Os três têm mantido intensa agenda pública e são frequentemente mencionados como nomes fortes para a disputa a deputado federal ou estadual.
A proposta de Júlio Campos ecoa críticas feitas anteriormente pelo deputado Eduardo Botelho (União), que já havia ironizado o fato de gestores “técnicos” agora demonstrarem ambições eleitorais. O governador Mauro Mendes, por sua vez, reagiu às críticas dizendo que cada gestor tem o direito de construir seu caminho político, desde que cumpra suas funções com competência — avaliação compartilhada por Júlio.
Apesar do incômodo de alguns colegas, o veterano parlamentar minimizou a concorrência. “Meu voto é meu voto. Júlio é Júlio. Qualquer um que disputar faz bem. Eu gostaria que viessem mais gente pro voto. Nós fazemos, em vez de quatro, fazemos oito deputados estaduais e quatro federais. Como no passado era o nosso PFL, o nosso DEM”, afirmou.
E mandou um recado aos que temem a disputa: “Candidato que tem medo de disputar a eleição, de pedir voto, não deve ser candidato. Eu já disputei oito eleições, perdi duas, ganhei seis e posso disputar mais uma ou mais duas, né? Dependendo da minha saúde, não tenho medo de disputar.”
Nos próximos meses, a proposta de saída antecipada deve ganhar força nas conversas entre Palácio Paiaguás e Assembleia, sobretudo se os secretários intensificarem seus movimentos políticos. Para os deputados, quanto mais cedo a desincompatibilização, menor a vantagem de quem tem caneta na mão.
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