O veterano prefeito de Sinop (MT), Roberto Dorner (REPUBLICANOS), cidade palco da morte de duas crianças, nos últimos dias, por falta de UTI Pediátrica, minimizou as tragédias com uma frase que revoltou a família das menores.

Segundo veículos de comunicação local, Dorner teria dito que não afastaria sua secretária de saúde, Daniela Galhardo, que tem a gestão criticada por parentes das falecidas, argumentando que ‘criança morre em todo lugar’.

O apresentador Wésllen Tecchio, tio de uma das menores mortas, Manoella Tecchio, de 3 anos de idade, que teria sido vítima de um suposto erro médico que atrasou seu diagnóstico e tratamento adequado, se revoltou com a fala do prefeito.

“Diante da fala lastimável do prefeito Roberto Dorner, eu tenho que dizer uma coisa aos pais e mães de Sinop: nós temos um prefeito frio, com o coração de pedra, esse é o prefeito que está à frente da Prefeitura de Sinop e que boa parte da população escolheu, que vocês votaram”, afirmou.

Dorner usou como exemplo o caso dos bebês que morreram por um surto que teria ocorrido em uma unidade de saúde do estado na capital, segundo uma médica do hospital, para isentar sua administração de cula.

“Criança morre em todo o lugar. Em Cuiabá morreram cinco crianças na Santa Casa e ninguém falou nada. Nós mandamos apurar os fatos e os culpados vão pagar por isso”, afirmou Dorner, em entrevista ao site Olhar Direto.

“A secretária do Município é culpada também. Por que o prefeito não a afastou? ‘Porque criança morre em todo lugar.’ No seu pensamento criança morre em todo lugar, e por falta de estrutura, de atendimento digno e humano que vocês faltam oferecer a Sinop”, completou o comunicador.

Morte em UPA

Manoella Tecchio morreu no último dia 09 em uma Unidade de Pronto Atendimento de Sinop, após dar entrada com tosse seca. A Prefeitura Municipal determinou abertura de uma sindicância para apurar o caso e afastou a médica responsável pelo atendimento.

A menina estava com sintomas de gripe e, no dia 06, apresentou tosse seca. A família a levou até a UPA e a médica pediu exame de sangue e urina, que não teria constatado nada.

A profissional, então, teria medicado a criança para tosse alérgica e mandou a pequena para casa. Porém, a menina não melhorou e, no dia 07, voltaram a levá-la até a UPA.

A criança foi examinada novamente e uma radiografia constatou que o pulmão estava bastante comprometido. Foi solicitada a transferência para uma UTI Neonatal em cidades vizinhas, mas nenhum leito estava disponível.

Os profissionais da UPA tentaram realizar um procedimento para salvar a criança ali mesmo, mas a menina não resistiu. A causa da morte apontada pela unidade médica seria choque séptico e pneumonia.

“A gente não sabe o que aconteceu e como foi feito, pois a gente não teve acesso e a gente não sabe se foi feito algum tipo de drenagem ou não. Simplesmente Manoella teve quatro paradas cardíacas e na quinta ela não resistiu e acabou falecendo”, disse o pai da criança.

No fim de semana, uma outra criança, de apenas dois anos de idade, morreu na cidade também por não ter o devido atendimento ao seu caso grave na unidade local. Esta paciente conseguiu uma vaga em Cáceres, mas não conseguiu aguentar a tempo do transporte.